sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Vítima Social


Opa...

Estou de volta pra poder perturbar novamente o meu querido amigo dono desse célebre blog.

Na última semana fui ao shopping pra poder prestigiar mais uma obra cinematográfica nacional (visto que, infelizmente hoje os cinemas são monopolizados por esses estabelecimentos representantes maiores do Capitalismo), onde pude assistir ao filme, ÚLTIMA PARADA 174. Excelente filme, capitâneado pelo também excelente Bruno Barreto.

Logo no início, já dava a impressão de que a história teria um cunho um tanto quanto pesado e que iria mexer com as víceras do intestino fétido de nossa sociedade urbana. Dito e feito, o filme expõe uma série de feridas que compõe não só a sociedade carioca, mais também a maioria das metrópoles, principalmente as brasileiras.

Cada cena batia no público, tal qual as cenas de violência fazia no protagonista, infeliz rapaz, que em todo o seu caminho, desde o início de sua vida, parece que veio ao mundo apenas pra pagar os seus pecados. Ele, que desde criança já sofria as piores agruras, até que o mesmo perdeu a sua mãe, devido a um assalto, até chegar ao trágico fim, no qual todos já sabemos.

Porém ao longo da saga, observei uma série de fatos que me chamaram a atenção, fatos esses que poderiam de uma forma ou de outra, fazer com que essa história pudesse ter se dado de uma forma diferente, ou pelo menos não ter culminado com o desfecho.

Pois bem, com isso pensei sobre as chances que o Sandro teve pelo caminho e também sobre as escolhas que esse rapaz fez e com isso, comecei a pensar... até que ponto, ele poderia ter traçado um caminho diferente, uma vez que, algumas pessoas passaram pela vida dele e lhe estenderam a mão e que ele, provavelmente pela dependência das drogas, virou as costas pra todas essas oportunidades.

Além disso, às vezes eu penso que esse menino tenha sempre optado pelo mais conveniente, ter realmente se travestido de vítima social e encarado a sociedade como sua inimiga e ponto final. E provavelmente, esse deve ter sido o elemento preponderante nessas escolhas que ele tenha feito na sua saga e também por ter rejeitado qualquer tipo de demonstração da afeto e resgate que as pessoas lhe ofertavam.

De maneira alguma, estou falando que o Sandro tenha sido culpado pela sua má sorte e por todas as tragédias que sempre lhe rodearam. Muito pelo contrário, a culpa é sim, de nossos governantes e da estrutura espacial desigual, na qual estamos inseridos, mais é aquilo, como diz o velho clichê, a vida é feita de escolhas, existem as melhores e as mais tortuosas.

Todos os dias, vemos várias crianças e jovens que, tal qual o "herói" do filme, sofrem as maiores atrocidades, mais que por vezes também tem oportunidades de talvez terem uma perspectiva mais otimista do que suas realidades atuais, mais que assim como o Sandro, acabam optando por desafiar o mundo com suas próprias vidas e assim são vítimas e vilões em nosso cotidiano.

E sabe o que é o mais terrível dessa história? Os sujeitos dessas histórias estão alheios a todo esse debate entorno de suas próprias vidas, pois de que adianta postar isso na Internet? Ou então serem lançados todos os meses, filmes ou documentários sobre suas vidas? Pois os protagonistas estão excluídos de todos esses meios e ficam entregues a boa vontade de uma ou outra alma caridosa que se revolte ou se comova com esses fatos e com isso promovam ações assistencialistas isoladas.


Por Gabriel "Ovelha".


Um comentário:

Israel disse...

Concordado plenamente pelo Calango!

Eu sei que a vida pode ser muito difícil para alguns, mas a mesma nos dá exemplos de que há outros caminhos, que não sejam os da violência. Pessoas que venceram na vida e optaram sempre pelo caminho do bem...